Conselhos de vó

Conselhos de vó

Em casa curtindo o isolamento social forçado, passei a fazer coisas que normalmente não tinha habito e nem tempo para fazer, como por exemplo, ler um bom livro, jogar videogame com o Danielzinho,

cozinhar, ver álbum de fotografias antigas e tantas outras coisas que eu nem lembrava mais que existiam.

Revirando uma caixa de antiguidades, encontrei um velho caderno de receitas, escrito com a letra de minha saudosa vovó Ana, e aquelas anotações me fizeram voltar no tempo de criança, quando vivíamos no norte do Estado do Paraná, e quando tive a oportunidade de conviver algum tempo com meus avós maternos.

Foi pouco tempo na verdade, mas tempo suficiente para não esquecer já mais! Meu avô era um senhor forte e tinha a pintura de paredes como profissão, gostava de pescar e contar causos de lobisomem e casas mal assombradas que residiu. Já minha avó era costureira e ficava por perto ouvindo e chamando a atenção do vovô quando exagerava nos contos.

Minha avó, também gostava de conversar e sempre quando estávamos sozinhos em casa ela vinha contando suas experiências de vida, suas histórias eram verdadeiras e sempre vinham acompanhadas de um bom exemplo a ser seguido!

Me lembrei que certa ocasião, ajudando-a colher chuchu no quintal,  minha vovó Ana, me falou que em tempos difíceis, temos que avançar em pequenos passos, precisamos fazer o que temos que fazer, mas pouco a pouco. Disse para não pensar no futuro, nem no que pode acontecer amanhã...

“Apenas lave os pratos, retire o pó, escreva uma carta, depois uma receita, faça a sopa; e logo vai perceber que está avançando na vida passo a passo, sem atropelar ninguém, importante é não parar, siga em frente de vagar e sempre, mas desistir já mais.”

“Essa é a minha dica para você meu neto, um passo de cada vez, descanse um pouco, e dê outro passo, depois outro e outro até chegar no seu destino, e assim terá percorrido o caminho da vida em segurança. Você não perceberá mas seus passos crescerão cada vez mais. E chegará o tempo que você poderá pensar no futuro sem temer o por vir.”

“Também haverá um tempo em que as pessoas terão o que fazer; mas não poderão sair para fazer, terão o que resolver; mas não poderão sair para resolver, e então essas pessoas que viveram intensamente agitadas, ficarão loucas. E quem viveu de vagar, em paz se sobressaíram, pois saberão andar no ritmo e na velocidade que o tempo exigir que o caminho da vida seja percorrido.”

Lembrando esses conselhos que um dia minha avó me passou, e comparando com os tempos atuais onde o ritmo de vida é outro, agora desacelerado, com esse isolamento social, onde os trabalhos externos cessaram, muitos passaram a executá-los em casa, onde o rodízio de veículos muitas vezes nos impede de sair, onde ao invés de ir numa pizzaria ou restaurante, precisamos pedir a comida para comer em casa, vejo que a vida passou muito rápido, sem que eu percebesse, mesmo seguindo os bons conselhos da Vó Ana e andando de vagar.